Chip para controlar rondas policiais é questionada na corporação - NetSeg

Chip para controlar rondas policiais é questionada na corporação

Cidades Digitais |

Por Felipe Sales, Jornal do Brasil

RIO - As rondas dos policiais militares no pólo boêmio da Lapa vêm sendo monitoradas pelo 13º BPM (Praça Tiradentes) com uma nova tecnologia, mas a falta de uniformidade nas ações de policiamento da Polícia Militar transforma a experiência numa sucessão de testes sem fim.

Por meio de bastões eletrônicos e chips instalados em diversos estabelecimentos, o comando do batalhão aufere quantas vezes os PMs passaram pelo chamado perímetro de segurança.

O sistema foi inaugurado há três anos no 2º BPM (Botafogo), onde hoje os 100 chips adquiridos não funcionam por falta de manutenção. O 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes) também implantou o projeto, mas com apenas três equipamentos e a corporação sequer soube informar desde quando funciona naquela região.

Criado em 2004 pelo então comandante do 2º BPM, coronel Romão Vilaça, o projeto foi inspirado numa idéia da Associação de Comerciantes e Empresários do bairro (Asceb).

Na época, cadernos eram deixados em comércios e edifícios para que os PMs assinassem e, assim, comprovassem que passaram pelo local. Romão adaptou a idéia com uma nova tecnologia – usada por empresas de vigilância: um bastão eletrônico que lê chips instalados nas portas e paredes de estabelecimentos, anotando o horário em que o policial passou pelo local.

Os chips são instalados por critérios técnicos, depois que o comandante determina o perímetro de segurança necessário à região. Se os PMs não passarem por determinado local, terão de apresentar boletins de ocorrência ou justificativa para a ausência da ronda.

Na Lapa, o sistema está em fase de testes há duas semanas, segundo o comandante do 13º BPM, tenente-coronel Antônio Henrique de Oliveira – embora a assessoria da corporação tenha informado que o equipamento funcione há três meses.

Segundo Oliveira, duas motopatrulhas, munidas do bastão, têm de passar por cerca de 30 pontos espalhados pelas ruas do Senado, Gomes Freire e Lavradio, entre outras.

O sistema foi implantado depois que um empresário da região, durante reunião do Conselho Comunitário de Segurança, sugeriu ao comandante a instalação do equipamento, custeado pelos próprios empresários a R$ 2 mil cada.

– Ainda estamos em nível de teste, mas temos notado uma grande receptividade da população – comentou Oliveira.

– O equipamento nos permite ainda liberar para o policiamento ostensivo os dois policiais responsáveis por fazerem a supervisão. É importante dizer que não beneficiamos determinados comércios, pois os chips são instalados com base em critérios técnicos. Moradores também podem solicitar o chip, mas nós temos que avaliar.

Extinto na Zona Sul

Em Botafogo, o projeto foi extinto há cerca de um ano, após o tenente-coronel Gileade Albuquerque assumiu o comando do batalhão. A PM adquiriu cerca de 100 chips, mas vários estão danificados, assim como os bastões, segundo o presidente da Asceb, Marcelo Ferreira. Gileade não foi encontrado para falar sobre o caso, mas a assessoria da PM negou que o projeto tenha deixado de funcionar na região.

– Os empresários doaram seis computadores para o projeto, que também não estão funcionando – acusou Ferreira. – O comandante diz que não há empresa para fazer manutenção dos equipamentos, e ficamos sem entender como em outros batalhões continua funcionando plenamente.

O comandante do 31º BPM, coronel Paulo Mouzinho, também aprovou o projeto e manteve o equipamento funcionando na região. Porém, tanto o coronel quanto a Polícia Militar não souberam informar desde quando o projeto funciona na região.

– Funciona bem na região – disse Mouzinho.

– É importante para aproximar a polícia da sociedade.