Número de alarmes aumenta. E aumenta também o ruído
Empresa registra crescimento de 20% ao ano. A segurança é maior, mas quando os alarmes disparam e demoram a ser desligados, de quem é a culpa? A vizinhança sofre.
O ramo dos sistemas eletrônicos de segurança cresce vertiginosamente. Segundo o Sindicato das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança do Paraná (Siese-PR), o setor movimentou 20% a mais de dinheiro nos dez primeiros meses deste ano, em relação ao mesmo período de 2008.
Ao todo, foram R$ 250 milhões. Muitos dos clientes são donos de lojas ou casas que tentam evitar assaltos a todo o custo. Contudo, um dos efeitos colaterais é a inconveniência de alarmes que disparam por outros motivos, sobretudo durante a madrugada, incomodando o sono daqueles que moram na vizinhança.
O leitor Eduardo Becker, em e-mail enviado a O Diário, relata esse problema. “Não tem um dia que fique sem disparar algum alarme de empresas na região”, reclama. “E o pior é que tem alarme que fica mais de uma hora tocando durante a madrugada.”
O diretor administrativo da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Sema), Sérgio Riotto, afirma que, nos últimos meses, a quantidade de reclamações recebidas pela Ouvidora da Prefeitura, por meio do número telefônico 156, aumentou. A assessoria da administração informa que, neste ano, a Ouvidoria registrou 775 queixas de poluição sonora. Menos de 10% delas se referem aos alarmes.
A maioria das reclamações, diz Riotto, é de alarmes cujas empresas de segurança prestam também o serviço de monitoramento aos clientes – quando o aparelho dispara, funcionários devem ir até o local para verificar o que aconteceu. Contudo, quando há demora, a vizinhança se irrita e liga para a Prefeitura, que, então, envia um fiscal da Sema.
“Ele vê qual empresa de segurança é a responsável para orientar o dono a agir com rapidez quando o alarme disparar”, explica. Se o incômodo ocorre durante a madrugada, primeiro ocorre a orientação, depois a notificação e, por último, a multa, por perturbação do sossego. “Em geral, o valor é de, no mínimo, R$ 1.500.”
O dono de uma empresa de segurança de Maringá, Rogério Uniat, mostra o outro lado da moeda. Ele diz que muitos comerciantes e donos de casas compram alarmes, mas não contratam o serviço de monitoramento.
Assim, quando o aparelho dispara, o aviso não vai para a empresa de segurança e, sim, para o celular do cliente. Uniat diz que, não raro, o cliente demora a chegar no local para desativar o barulho.
“Há, ainda, aquelas situações nas quais as pessoas estão viajando ou em lugares onde não há sinal de celular”, afirma. Nesses casos, segundo Riotto, “os moradores ou comerciantes têm de ter consciência do incômodo que podem gerar quando compram o alarme”.
Os alarmes de sensores, que captam a presença de pessoas no ambiente, costumam disparar com certa facilidade. Segundo Uniat, se uma lagartixa passa próximo ao aparelho, o barulho pode ser acionado.
Além disso, há pessoas que, depois da instalação, compram animais de estimação, que, ao passarem em frente ao alarme, acabam acordando toda a vizinhança.
Uniat diz que os disparos falsos podem ser reduzidos se os clientes se atentarem à necessidade de manutenção do aparelho, que deve ocorrer a cada 12 meses no mínimo. “Muita gente só compra o aparelho e acha que isso basta”, afirma. “O sistema precisa ser regulado de ano em ano.”
Na empresa de segurança na qual Fernando Anderson Vieira é gerente, o crescimento da clientela é de aproximadamente 20% ao ano. “Creio que isso se deve ao fato de que Maringá está crescendo e todas as empresas que abrem querem estar protegidas contra assaltos”, afirma.
Ele diz ainda que, para evitar o incômodo de disparos falsos, os consumidores devem optar pelos aparelhos mais modernos. “Já existe um cuja desativação ocorre pelo computador da empresa de segurança (quando é contratado o serviço de monitoramento)”, diz. “Não leva mais do que cinco segundo para cessar o barulho.”