Conexão Abese reuniu especialistas da segurança eletrônica e representantes do poder público durante a Exposec Virtual - NetSeg

Conexão Abese reuniu especialistas da segurança eletrônica e representantes do poder público durante a Exposec Virtual

Consultoria | 2020-12-04

A 2ª edição do Conexão Abese reuniu especialistas, palestrantes e representantes do poder público para debater o futuro do mercado em temas como segurança pública, rastreamento, inovações tecnológicas para condomínios, LGPD e empreendedorismo durante a 1ª Exposec Virtual 2020 - realizada pela ABESE (Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança) com organização e promoção da Cipa Fiera Milano. O evento encerrou a programação de encontros do setor e abriu as discussões sobre projetos em 2021. Assine nossa newsletter semanal aqui e fique antenado.

“Após um ano com desafios que não poderiam ser previstos em nenhum planejamento estratégico - o setor reagiu, encontrou novas soluções, desenvolveu novos valores e formas de trabalho e caminha para 2021 com foco na recuperação e no aproveitamento das demandas reprimidas pela pandemia”, afirmou a presidente da ABESE, Selma Migliori, durante o discurso de abertura. 

A edição online recebeu a presença do Secretário de Segurança Urbana da Cidade de São Paulo, Cel. Celso Aparecido Monari, que destacou os investimentos da capital em tecnologia, como o projeto City Câmeras. “Iniciamos com 75 câmeras e hoje são mais de 3500 dispositivos integrados à plataforma que pode ser acessada por todas as forças de segurança pública para rastrear ações criminosas. Também implantamos o aplicativo São Paulo Mais Segura que conta com 82 mil usuários que através da tecnologia se tornam colaboradores da segurança urbana”.

Para oficializar o início da 1ª Exposec Digital, a cerimônia também contou com o Secretário Executivo da PMSP, Cel. Álvaro Camilo, que parabenizou o evento e a Abese pelos 25 anos de história, e sublinhou a importância das parcerias com empresas privadas e com a população. “Gostaria de dar o recado que a segurança no estado de São Paulo está muito bem. Todos os indicadores, como furto, roubo, crimes contra o patrimônio, estão em queda. Estamos equiparados às grandes cidades americanas e europeias, e isso se conseguiu com uma parceria muito forte com a população e empresas privadas. A respeito dessas parcerias, é importante o papel da Abese com a interligação de câmeras, inclusive, com o sistema Detecta. Deixo as portas da secretaria abertas aos associados que tiverem soluções importantes para a segurança e que possam ser implementadas em sintonia aos projetos que já temos”, concluiu.

A cerimônia de abertura e o primeiro painel do dia, “Inovação na segurança pública e IoT, contou com a presença do Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, que ressaltou os avanços trazidos pela Lei de TICs, atualização da Lei de Informática, para os investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) pelas empresas nacionais, além dos avanços na criação de soluções em Internet das Coisas (IoT). Segundo o ministro, a lei, existente desde 1991, tem grande participação na estrutura de pesquisa e desenvolvimento existente no Brasil. “O Ministério funciona como uma ferramenta à disposição de todas as áreas. Eu tenho uma equipe confiável que trabalha ouvindo os setores e é importante para a sociedade ver o retorno dos investimentos das políticas públicas. Eu tenho prazer em ver esses resultados se tornando realidade”, disse.

O evento também recebeu o secretário de Empreendedorismo e Inovação do ministério, Paulo Alvim, que reforçou que a lei permite mais de R$1,5 bilhão por ano em investimentos e gera mais de 130 mil postos de trabalho. “Nosso grande esforço é facilitar a vida das empresas e mitigar os riscos dos investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Se hoje a gente tem uma estrutura que conecta as empresas aos Institutos de Ciência e Tecnologia e ao governo, isso se deve à Lei de TICs, antiga Lei de Informática. Se não fosse pela Lei de TICs, o Brasil seria hoje comprador de IoT”, afirmou.

Sobre o tema, a assessora jurídica e contábil da Abese, Patricia Roccato, explicou quais serão os benefícios da lei dos TICs para o empreendedor. “Estamos criando para as empresas mais uma oportunidade de desenvolvimento. Muitos empreendedores não sabem de que forma podem caminhar no mundo da inovação, mas aqui estamos apresentando uma lei que detalha de que forma podemos nos aplicar nesse sentido. No nosso segmento, temos 76% de prestadores de serviço e, dentro desse universo, aqueles com lucro real e com lucro presumido. Serão estes últimos que a lei beneficia, porque terão benefícios de acordo com a região e outros indicadores. Nós estamos aqui para dar esse caminho para que todos possam se planejar de maneira segura”.

O debate do painel mediado pelo Presidente do Programa Nacional de Inovação TERRA2 INOVA, Robson Arantes, também contou com a experiência do representante do programa Caninos Loucos, Herberto Yamamuro, que acrescentou que hoje o Brasil desenvolve tecnologia aberta para que pequenas e médias empresas possam se tornar fabricantes e ter os benefícios da lei das TICs. O objetivo da iniciativa é que os dispositivos proporcionem domínio tecnológico de ponta a ponta.

Além disso, o Ministro Marcos Pontes aproveitou a participação para lembrar dos projetos liderados pelo MCTI para consolidar o ecossistema IoT (Internet das Coisas), como a coordenação das câmaras temáticas: Agro 4.0, Saúde 4.0, Indústria 4.0 e Cidades Inteligentes, que contam com a participação de representantes da Abese. “A câmara sobre Cidades Inteligentes, por exemplo, mostra a necessidade de interligar sistemas para promover a sustentabilidade, mobilidade e também segurança. Para isso, é importante investir em sistemas IoT, Inteligência Artificial e Infraestrutura de Conexão”, comentou Pontes. “Esse trabalho sinérgico resultará em melhor qualidade de vida aos brasileiros e em novas oportunidades para as empresas”, complementou.

Nesse sentido, o diretor do Fórum Brasileiro de IOT, Claudio Violato, celebrou a iniciativa do fórum, que tem como objetivo disseminar o conceito no Brasil, e, atualmente, compartilha informações com mais de 3000 seguidores, além de eventos nacionais e internacionais, discussões sobre o 5G e a realização anual do desafio IoT. “O fórum atua para analisar e incentivar a mobilização brasileira em torno da Internet das Coisas, promovendo o bom uso da tecnologia, baseado na ética e na governança”, finalizou.

Rastreamento em Foco: Tendências para o mercado de rastreamento da área rural até a urbana

O segundo painel do dia trouxe um debate aprofundado sobre uma das tecnologias que vem ganhando espaço na Segurança Eletrônica nos últimos anos, o rastreamento. O debate foi mediado pela Coordenadora do Comitê de Rastreamento da Abese, Renata Vieira, que apresentou um panorama sobre o cenário do mercado atualmente. Entre os painelistas, esteve o Engenheiro de Desenvolvimento e Aplicações da NEWTEC, Ivan Soares; e o Diretor da Onboard Consultoria, Marcos Davi Reis

“Nós precisamos falar que a tecnologia é utilizada em diversos segmentos para melhorar a gestão de frotas, KM produtivo, para obter trajetos mais rápidos na logística de entregas, ou no agronegócio para auxiliar na tomada de decisão. Nossa missão compartilhar tendências e soluções de rastreamento e telemetria, além de divulgar os resultados do comitê de rastreamento da ABESE que já produziu um manual de boas práticas e desenvolveu o selo de qualidade Abese para o setor”, comentou Renata Vieira.

“Importante falar de tendências nesse momento que o mundo está mudando tanto. A pandemia está impactando o presente e também o que virá lá na frente”, relatou Marcos Davi Reis. Entre os temas abordados pela discussão, destaca-se o transporte de passageiros urbanos e viários que sofreu muito com a paralisação da frota e, no momento, busca por melhores ferramentas de gestão de condução, gestão de combustível e de manutenção.

“O transporte de passageiros foi um dos mais afetados pela pandemia, é o setor que está tendo mais trabalho para se recuperar e, por isso, esse é o momento de ajudar as empresas para as empresas de transporte através da tecnologia. O rastreamento e telemetria podem auxiliar na economia e efetividade do mercado de passageiros. Para isso, eu apostaria em produtos que trazem melhorias e economia para o mercado de passageiros. Eu colocaria o foco nas soluções de aumento de eficiência que é o que as empresas precisam agora”, complementa Marcos Davi Reis.

Outra tendência que ganhou força com a pandemia e que deverá pautar o mercado nos próximos anos são as soluções para logística de entrega. “O momento é da integração, sobretudo, dos aplicativos para dispositivos mobile. Acredito que o hábito das compras online não deve regredir e, por isso mesmo, a eficiência da entrega precisa ser bem feita. Nesse sentido, para monitorar veículos, pontos de segurança, rotas, contamos com tecnologias como o rotograma e a telemetria, por exemplo”, indicou Ivan Soares.

Um tema que também marcou presença no painel, foi a questão do transporte de cargas. Sobre isso, o Engenheiro de Desenvolvimento e Aplicações da NEWTEC, Ivan, destacou os sensores de fadiga que devem ganhar força no mercado brasileiro a partir do uso no setor de mineração que, de acordo com o especialista, é referência de segurança de trabalho e introduz tendências internacionais no Brasil. “O dispositivo instrui o condutor sobre possíveis desvios, como uso de celular, cigarro e fadiga para evitar acidentes. Assim, começamos a trabalhar com centrais de fadiga com profissionais analisando e levantando dados para que, se necessário, entrar em contato com o motorista”, finaliza.

Inovações Tecnológicas para Condomínios e a LGPD

O segundo dia do evento começou com um debate importante sobre o alcance da LGPD nos condomínios. O mediador do painel, Lázaro de Sá - Assessor jurídico e Coordenador do Comitê de Compliance da Abese, reiterou que a associação não tem se limitado a apenas discutir, mas também está empreendendo esforços práticos para auxiliar o setor - como o mapa legal sobre LGPD que foi lançado na ocasião.

“O lançamento do mapa legal da Abese a respeito de ações que a empresa deve tomar para proteção de dados será muito bem aproveitado pelo mercado. Hoje, temos uma questão muito desafiadora, a complexa gestão e eleição de tecnologias e uso de dados para condomínios. Esta é a primeira versão do mapa e lançaremos atualizações, além do aprofundamento exclusivo que estará disponível aos nossos associados”, explicou o advogado Lázaro de Sá.

O painel contou com a experiência do Advogado, DPO e Consultor de Privacidade de Dados, Leandro Alvarenga Miranda, e do Sócio Diretor da Eytan Magal, CPP Risks & Security Solutions, Eytan Magal. Para iniciar o bate-papo, o tema das Portarias Remotas foi levantado e analisado a partir da perspectiva dos condomínios que, como foi definido pelo mediador, são micro-cidades.

“É preciso responder três perguntas sobre as premissas de segurança e proteção dos condomínios: 1) qual o nível de proteção desejado? 2) o quanto aceito que esse nível de proteção afete o conforto? 3) quanto quero pagar? Quando assistimos condomínios interessados em investir em portaria remota a maior dificuldade enfrentada é pagar o passivo trabalhista do profissional da portaria, a conta acaba sendo muito alta. Outro desafio são os próprios condôminos. Contudo, os índices da tecnologia são positivos e é preciso fazer um trabalho para viabilizar o uso. Minha recomendação é começar com uma Portaria Remota apenas das 22h às 6h - que abate 40% do custo, não exige adicional noturno e funciona para adaptar os moradores à tecnologia”, ensina Eytan Magal.

O destaque da LGPD para condomínios foi detalhado pelo Advogado, DPO e Consultor de Privacidade de Dados, Leandro Alvarenga Miranda, que explicou a questão do consentimento necessário para coletar dados - que gera muitas dúvidas e mal entendidos sobre a autonomia dos condomínios em solicitar informações pessoais, por exemplo.

“O consentimento é uma das hipóteses, assim como é o legítimo interesse, proteção à vida, proteção ao crédito, entre outras. Nenhum país europeu exige a contratação de DPO por condomínios. Existem camadas de privacidade, não é um absurdo pedir a identificação de uma pessoa para que ela acesse o espaço porque há responsabilidade do condomínio sobre qualquer incidente que aconteça em sua área e, por isso, precisa se resguardar e proteger os indivíduos. Óbvio que existem dados que não são de interesse, não podem perguntar sobre qual a minha religião porque não é inerente à segurança, por exemplo. Não é porque existe uma base legal de tratamento de dados que seja permitido tratar qualquer dado, se o dado é excessivo, o tratamento é ilegal”, elucidou Miranda.

O especialista, que participou das discussões que originaram o texto da lei, comentou que existem circunstâncias na própria LGPD que permitem a utilização de dados sensíveis sem o consentimento do indivíduo quando o intuito é o combate à fraude de identificação. “Para quem está na dúvida, recomendo a leitura do artigo 11, inciso G. Não é porque o dado é sensível ou pessoal que não se possa usar, a questão é como o condomínio está usando e para qual finalidade”, complementa.

Sobre o tema, o Sócio Diretor da Eytan Magal, CPP Risks & Security Solutions, Eytan Magal, acrescentou que os condomínios estão andando em círculos quando o assunto é LGPD devido a falta de conhecimento. “Alguém precisa assumir a responsabilidade de padronizar essa operação para que os condomínios sigam, do contrário, cada um fará o que quiser sobre o tema. O lado positivo é que a lei chegou e vai exigir uma profissionalização da gestão do condomínio”, ressaltou.

Empreendedorismo na Segurança Eletrônica

O painel de encerramento do evento trouxe dicas e melhores práticas para promover o empreendedorismo na segurança eletrônica. O debate mediado pela presidente da Abese, Selma Migliori, contou com a presença de Ivan Jorge Santos, CEO & Founder @ Agile Inc & Agile School, PST @ Scrum.org, e de Clodoaldo Araújo, Apresentador do Rota da Inovação da Jovem PAN.

Os convidados começaram com a questão: todo mundo pode inovar? “Sim, é possível inovar em qualquer negócio, mas antes é preciso estar preparado e buscar qualificação o tempo todo. A primeira grande sacada do empreendedorismo é essa, estar preparado o tempo todo. É preciso olhar o que está acontecendo no mundo, não há espaço para pensar que o único concorrente é a empresa da esquina. Inovar é fazer diferente o que os outros fazem igual”, esclareceu Clodoaldo Araújo.

A contribuição de Ivan Jorge dos Santos trouxe a relação entre inovação e agilidade. Para o profissional, inovar é a arte de fazer o dobro do trabalho pela metade do tempo a partir da otimização do fluxo de trabalho e da consolidação de objetivos claros. Se antes só se falava de missão, visão e valores, hoje, colocou o especialista, é preciso acrescentar também a paixão e o propósito.

“O público do painel trouxe perguntas interessantes ao debate sobre como colocar em prática e começar a ser ágil nos negócios. “Estabeleça um objetivo claro, a visão e a direção da sua empresa. O ano de 2021 tá chegando e, por isso, é preciso ter uma cultura de budget e, desde já, entender que não há como controlar as pessoas, por isso é necessário fomentar o ambiente, aperfeiçoar o sistema. Em 3° lugar, para que as pessoas entreguem mais é preciso ajudá-las a não ficarem bloqueadas, deixe claro o fluxo de trabalho e compartilhe feedbacks, trabalhando a autonomia, maestria e propósito das dos colaboradores”, afirmou o CEO & Founder @ Agile Inc & Agile School, PST @ Scrum.org.

Como dicas finais, os painelistas asseguraram que evitando desperdícios, apurando números e resultados, a empresa começará o próximo ano com mais agilidade. “E a agilidade é uma alavanca para a transformação digital, para gerar valor e para agregar serviços. Acredito que a pauta da transformação digital é muito mais pautada na cultura, as tecnologias habilitadoras são apenas ferramentas”, finalizou Santos.

No encerramento da 2ª edição do Conexão Abese, a presidente Selma Migliori, agradeceu todos os participantes e a equipe responsável pelo evento e ressaltou a recuperação da segurança eletrônica frente aos desafios de 2020. “Encerrar este ano desafiador com a promessa de novas parcerias para 2021, estimativas de crescimento, lançamentos, novas tendências de tecnologia, é uma grata amostra sobre a força do ecossistema de segurança”, comemorou Migliori.